Eu odeio isso.
Eu, pedestre, dou preferência aos carros, mas não gosto que me dêem preferência. Por que? Porque eu sou louca e cheia de paranóias, então não gosto de me sentir “obrigada” a agradecer por um gesto tão simples, um mínimo de educação, que muitos motoristas fazem como se tivessem acabado de te libertar na fronteira “ándale, mexicana! vai que é tua a vaga de doméstica nos estados unidos!”.
Eu sei, vocês podem achar que é viagem da minha cabeça, mas pra mim é real.
Teve uma vez que estava tentando atravessar em uma rua sem semáforo e uma van escolar ameaçava ir-não-ir, ficou naquele joguinho até que me deram passagem. Eu não queria passagem, queria que é passassem, sumissem da minha vida. Já que isso não era mais opção, atravessei. Uma menina de uns 9 anos no banco da frente ficou fazendo gracinha “vai logo, hihi”, e depois que não agradeci “de nada, viu! Hihi”. Aiiii, a pureza das crianças! Como eu amo… NOT. Assim que estava na calçada, olhei pra ela e mandei um dedão do meio. Ela olhou pra baixo e ficou vermelha de vergonha. O motorista ficou falando “vai, fica mexendo com as pessoas na rua!”. E eu me senti MARAVILHOSA aquele dia. Aquela pequena porra na van provavelmente não vai mais provocar ninguém a distância no conforto de algum veículo. Sei disso, pois na minha infância inteira (na real até os 13, aff!) eu andei de vans escolares e tenho memória fotografica para as coisas que aconteceram na época. Crianças e elefantes nunca esquecem. E eu nunca agradeço.
Um comentário:
foda-se.
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