terça-feira, 20 de setembro de 2011

Traumatizando criancinhas e fazendo um mundo melhor

Há esta nova lei de que onde não tiver semáforo, o motorista deve dar preferência ao pedestre que estiver tentando atravessar a rua. Ok. Tá bom, hein! Primeiro, que com ou sem lei, tem sempre uma boa alma motorizada que te da passagem. Você olha com cara de infeliz pra dentro do carro e o motorista faz aquele sinal de “pode ir, desgraça” e você então fala um “obrigada” sem som, pra ele fazer leitura labial.
Eu odeio isso.
Eu, pedestre, dou preferência aos carros, mas não gosto que me dêem preferência. Por que? Porque eu sou louca e cheia de paranóias, então não gosto de me sentir “obrigada” a agradecer por um gesto tão simples, um mínimo de educação, que muitos motoristas fazem como se tivessem acabado de te libertar na fronteira “ándale, mexicana! vai que é tua a vaga de doméstica nos estados unidos!”.
Eu sei, vocês podem achar que é viagem da minha cabeça, mas pra mim é real.
Teve uma vez que estava tentando atravessar em uma rua sem semáforo e uma van escolar ameaçava ir-não-ir, ficou naquele joguinho até que me deram passagem. Eu não queria passagem, queria que é passassem, sumissem da minha vida. Já que isso não era mais opção, atravessei. Uma menina de uns 9 anos no banco da frente ficou fazendo gracinha “vai logo, hihi”, e depois que não agradeci “de nada, viu! Hihi”. Aiiii, a pureza das crianças! Como eu amo… NOT. Assim que estava na calçada, olhei pra ela e mandei um dedão do meio. Ela olhou pra baixo e ficou vermelha de vergonha. O motorista ficou falando “vai, fica mexendo com as pessoas na rua!”. E eu me senti MARAVILHOSA aquele dia. Aquela pequena porra na van provavelmente não vai mais provocar ninguém a distância no conforto de algum veículo. Sei disso, pois na minha infância inteira (na real até os 13, aff!) eu andei de vans escolares e tenho memória fotografica para as coisas que aconteceram na época. Crianças e elefantes nunca esquecem. E eu nunca agradeço.