sexta-feira, 20 de junho de 2008

Time kills

Ter a notícia de uma morte totalmente inesperada é desesperador e revoltante. Não estou tentando negar isso. Mas, nada se compara em ver alguém partindo aos poucos. Apodrecendo. Perdendo toda sua dignidade, ali, na sua frente. Perdendo a noção e a razão, que um dia lhe foi fundamental para que as coisas fizessem algum sentido. Esquecendo o dia de ontem, de antes de ontem, de anos atrás. A cada hora que passa, tudo vai se apagando de forma traiçoeira. Às vezes me pergunto: do que adianta fazer sua história, se no final você não vai ao menos lembrar para conta-la? Viver cada dia como se fosse seu último, como se não houvesse amanhã... Mas às vezes há, já parou pra pensar? Dizem, que se você der "sorte" vai haver. E então, todas aquelas coisas que você fez, achando que estava apenas aproveitando cada segundo, sem pensar nas chatas conseqüências, vão te cobrar cada atitude. Vão cobrar do seu corpo, do que há dentro dele. Vão rastejar por debaixo da sua pele, como se buscassem vingança.Sim, você está morrendo, está deixando esse mundo e tudo que um dia você fez parte. E para quem um dia temeu tanto a morte, derrepente ela parece ser uma forma de alívio. Só ela pode arrancar essa agonia que há em você, que há em todos ao seu redor.
Uma última imagem. Aquele ser arrogante, festeiro, irresponsável já não sabe mais nada, já não controla o próprio corpo, nem mesmo os pensamentos. Já abandonou sua integridade. Tomado por uma inconveniência de simplesmente depender de tudo e não ter mais animo para nada. Deixando marcado para sempre, todos os que acompanharam de perto, essa verdadeira fase final e que serão assombrados por ela, até o dia em que cheguem suas horas.A culpa e a impotência de quem há anos está ao lado, inevitavelmente se esgotando e irritando. Vendo de perto esse fim devastador.
O mais triste em ver alguém partido, é viver a sua morte.

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